AVENTURAS PERUANAS

Em outubro de 2011 resolvi ir à Machu Picchu. Desejo antigo, que foi substituído na época, pelo Deserto do Atacama, por ter sido a opção mais barata. Minha viagem ao Peru começou cheia de emoções. Logo de início, fui parar no aeroporto errado e o pior é que o pessoal da cia. aérea só percebeu quando faltavam só 2 horas para o vôo decolar (eu dei bobeira, confesso). Acreditem! Eu estava em Guarulhos/Cumbica quando na verdade deveria estar em Congonhas (SP). Voei de táxi e consegui chegar a tempo. Bob Marley no som do carro, me tranqüilizou Baby, Don't worry 'bout a thing, ‘Cause every little thing gonna be all right." rs
CUZCO
Dormir em aeroporto já está virando a minha especialidade. Passei a noite no Galeão no Rio, para de manhã cedinho pegar o avião pra Lima e depois pra Cuzco. Chegar em Cuzco parecia tarefa pra super-herói. Passei por uma super turbulência antes de o avião pousar. Quando desembarquei, achei que estava em Hollywood. Do lado de fora, grades com muuita gente se amontoando, segurando plaquinhas com nome de pessoas que eles aguardavam. Uma loucura! Eu já tinha combinado com o hostel e o taxista estava lá, segurando uma plaquinha com o meu nome.
Cuzco é uma cidade interessante. Além de a altitude proporcionar uma sensação estranha, é uma cidade diferente. Quando cheguei lá no hostel (EcoPackers), dei de cara com minha amiga Karina passando mal por causa da altitude e também por beber água da torneira (o que nunca se deve fazer no Peru). E haja folha de coca! Depois comprei na farmácia o santo remedinho para esse “sorojo” (sorojos pils). Ao caminhar pelo centro da cidade pode-se encontrar lojinhas, bares, cafés, casas de câmbio, agências de turismo (muitas agências) e ambulantes vendendo quadros MARAVILHOSOS! Fechei um city tour para o dia seguinte, que durou uma tarde interia.
 Tive sorte de pegar um bom guia. O city tour para em alguns pontos da cidade, depois segue para outros lugares nos arredores da cidade: feirinhas e ruínas. Daí começou a chover e quando já estávamos de partida para retornar, o granizo começou a cair. Não saí mais do ônibus. Chuva e frio juntos... não é pra mim (além daquela sensação estranha: o bendito do “mal da altitude”). Saí do ônibus só para visitar uma feirinha cheia de tentações (basicamente artesanato da região). Pra encerrar o tour com emoção, levei um mega tombo, na descida do ônibus. Chuva! Fui comer pizza na Plaza de Arma (não lembro o nome do lugar). Dica: perguntem o que vem na pizza (apesar de ter o mesmo nome, não significa que tenha os mesmos ingredientes das que conhecemos por aqui). De noite, festinha no bar do hostel... muito pisco sour!!!

VALLE SAGRADO - OLLANTAYTAMBO
As 8h30m saí rumo ao Valle Sagrado (o microônibus passou na porta do hostel). Passa por diversos lugares ‘sagrados’ (ruínas e sítios arqueológicos)... Faz um pit stop rápido em Pisac para irmos aos baños.  O almoço foi em Colca, no restaurante “Jacarandá” (um self-service delicioso). Depois de 40 minutos, chegávamos em Ollantaytambo. Lá, todos sobem as ruínas do Parque Arqueológico (a vista é maravilhosa, mas o cansaço pesava muitas vezes, quando tinha que parar pra tomar fôlego).

Na volta, desci na Plaza de Armas de Ollanta – perto da estação de trem.  O hotel (Bk Tampo) fica praticamente em frente à rua que dá na estação. A cidade é um charme a parte: ruas estreitas, casas de pedra, subidas, descidas, flores, artesanatos, comércio. Logo depois de deixar as coisas no hotel, fui até a estação de trem. Achei os preços carérrimos. Comprei Ollanta/Águas Calientes na PeruRail por U$ 54 - só ida. Detalhe: não aceitam Soles! (mas você paga em dólar e recebe o troco em soles – nada bobos). Este trem foi caro por ser o Vistadome (muito recomendado). Os trens com horários pela manhã, custavam U$ 80. Nem ofereceram outros, pois os outros os horários já estavam quase lotados. Ainda descobri que de lá perto da estação, tem um ônibus que vai p/ Cuzco por S.15. e táxi por S.40. Começou a chover. Estava frio.
ÁGUAS CALIENTES (MACHU PICCHU PUEBLO)
No dia seguinte, para minha surpresa, descobri que o ‘desajunio’ do hotel é à parte. Pelo que pude perceber, isso acontece na maioria dos hotéis da “cidade”. Após o almoço, pegamos um “táxi” até a estação de trem (uma espécie de moto com bagageiro... muito engraçado). Embarquei finalmente no Trem Vistadome para uma viagem simplesmente mágica.
O trem acompanha o curso do rio Urubamba (acho). Música ambiente peruana, serviço de bordo (refri e umas coisinhas) – tuuudo de bom. Para mim, a viagem ao Peru poderia ter terminado ali. Esse trajeto é simplesmente fantástico!!! 1h e 30m depois, chega-se em AC. A estação é um pouco confusa (apesar de chic) talvez por ter muita gente circulando (turistas, claro!). Comprei a passagem de volta. Dessa vez, não no Vistadome, mas no “Expedition” que é mais simples e um pouco mais barato. O desembarque é praticamente direto em uma feirinha. Eu tinha alguns hostels como opções, mas tive dificuldade em encontrar os nomes das ruas. Hotéis e hostels pra todo lado e eu com minha mala suuper pesada nas costas. Andei seguindo a linha do trem e entrei num hotel para perguntar preço. O pessoal mostrou o quarto e resolvi ficar por ali, pois além de ser limpo e até aconchegante, o preço era bem mais em conta do que os que eu havia pesquisado (S.35 por pessoa no quarto duplo). Depois de deixar as mochilas no hotel, eu e a Karina fomos comprar os tickets pra MP (sem cidade Sagrada e sem Winya Picchu). Compramos tb o bilhete para volta de MP p/ AC de ônibus – U$ 8 (ou S.22), pois resolvemos ir caminhando até MP (disseram que era aproximadamente 45min de caminhada). Depois fomos procurar formas de voltar para Cuzco ou Ollanta e pro meu espanto descobri que o único meio de sair de Águas Calientes é de trem (não tem ônibus, nem taxi). A compra por bilhetes de trem é concorrida, os mais baratos estão sempre esgotadas e dificilmente encontra-se pro mesmo dia em que se compra. Acabei comprando na Perurail, passagem para o trem Expedition, por U$ 39 ou S.106,25 pro dia seguinte. Bati perna pela cidade de sobes e desces e muito comércio.
O rio divide a cidade ao meio. Águas Calientes tem um clima todo especial. Resolvemos ver como eram as tais águas termais (que dão nome à cidade) e ...putz.... sobe...sobe... uma subida sem fim...andei... andei... Quando cheguei lá (no alto) encontrei  piscinas cheias de gente e águas escuras (sujas mesmo) exalando um cheio não muito agradável. Ainda bem que não comprei a entrada.  É uma espécie de clube de luxo com a água não muito limpa. O engraçado foi ver no caminho lojas que alugam toalhas e acreditem, roupas de banho (sunga, biquínis e maiôs). Desci as ruas da cidade cheias de turistas, restaurantes, hotéis (muitos 5 estrelas) e criancinhas vestidas para o Halloweem, pedindo doces nos estabelecimentos. Na praça principal, fui a uma lan house (S.3 a hora) e visitei a igreja. Saímos para jantar e comer uma pizza num lugar super bem decorado (como a maioria dos restaurantes em AC). As pessoas te abordam na rua com o cardápio na mão e são insistentes.
O CAMINHO PARA MACHU PICCHU
Acordei sem pressa. Arrumei a mala e desci em busca de um café da manhã. Eram 8h30m e a cidade estava acordando. Os donos do hotel degustavam costelas fritas gigantes como a primeira refeição do dia. A mochila ficou guardada no hotel. Peguei coisinhas básicas pra levar e.... comecei a caminhada rumo a Machu Picchu. Pensei que chegaria lá em 1 hora, andando sem pressa (Pura ilusão!!). A dica que recebi foi “Siga a estrada do ônibus”. Foi o que fiz. Um caminho de rua de terra, margeado pelo rio, cercado de muito verde. Encontrei um atalho que permitiu ir até o rio molhar as mãos e me refrescar do calor.
Pelo caminho, percebi que poucas pessoas se aventuravam a ir a pé até MP. Como fui com bastante calma e ainda parei pelo caminho, cheguei na entrada do Parque de Machu Picchu umas 10:30h. Lá, pediram os tickets e carteira de estudante. Começou aí a trilha mais difícil e desafiadora que fiz em minha vida. Você pode continuar seguindo o caminho dos ônibus (pela estrada de terra) ou “cortar caminho” pelas escadas que ficam no meio da floresta. Fiz um pouco de cada. Noooossaaa!!!

A maior parte do trajeto foi subindo escadas íngremes e intermináveis, que testavam o tempo todo meus limites físicos e emocionais. Encontrei pessoas descendo, mas não subindo. Desejavam-me boa sorte e que em meia hora chegaríamos lá. Mas, minhas forças se esgotavam; o cansaço era tanto que parava pra tomar fôlego o tempo todo. O ar faltava e a água era racionalizada (não é permitido entrar com água em MP – eles costumam barrar lá na entrada do parque). Senti medo e desespero várias vezes. Quando pensava que estava perto, surgia a minha frente imensas escadarias de pedra. Calor, vento, sede, esgotamento, bicas (onde coloquei os pés nas águas geladíssimas para renovar as energias)...




Pra resumir, chegamos ao topo (na entrada do templo) perto das 13h. Quando vi, mais escadas pra subir, pensei em desistir, mas algo me dizia ”Só mais um pouco! Vc já chegou até aqui, superou seus limites. Vá!”. Novamente apresenta-se tickets e passaportes, carteira de estudante. Caminhei mais 3 minutos e finalmente uma visão inexplicável surgiu em minha frente. Eu estava ali, perto do céu, vendo com meus próprios olhos aquela maravilha do homem. Não há palavras pra descrever a emoção. Lágrimas rolavam dos meus olhos... chegar ali, depois de um esforço gigantesco, tinha um significado diferente e muito especial. Fiquei por lá até umas 15h20m. Andei por todos os cantos. Parei inúmeras vezes para apreciar a paisagem, fazer reflexões sobre a vida e perguntar a mim mesma se realmente eu estava ali, vivendo aquele momento mágico. Não dava pra acreditar o tanto que eu tinha subido. Depois, reencontrei a Karina e voltamos a AC de ônibus. Sentada no banco da praça, tentei entender o que havia acontecido. Encontrei respostas. Deus falava aos meus ouvidos e tudo foi compreendido. Aquela “subida” tinha o significado da vida, da caminhada, da superação, da benção e do aprendizado.
DE VOLTA A OLLANTA
Pegamos as malas no hotel, fizemos mais umas comprinhas rápidas e seguimos rumo à estação de trem. Embarcamos em uma viagem noturna, e, portanto sem paisagens (bem diferente da viagem no Vistadome) e voltamos a Ollanta. Dessa vez me hospedei em outro hotel (mais barato que o anterior) onde ao lado tem um restaurante muito gostoso. Tomei sopa e vinho... menu perfeito para uma noite fria.

REGRESSANDO A CUZCO
Pela manhã o frio pega! Mochilas na recepção e fui andar um pouco por essa agradável cidade. Fiz algumas comprinhas (souvenirs). Peguei um “táxi”, que me levou até o lugar onde saem ônibus e vans p/ Cuzco. Ao descer do táxi, as pessoas são abordadas por loucos gritando “Cuzco! Cuzco!”. Eu e Karina entramos num estacionamento onde ficam os veículos, quando de repente um louco pegou nossas malas, jogou em cima da van e mandou a gente entrar nela. Uma loucura! Um monte de gente, eles continuam gritando “Cuzco! Cuzco!”, nós ficamos atordoadas... e saem em disparada buzinando, pendurados na janela ainda gritando...rs Passado o susto, deixar de rir foi difícil. O povo vai subindo e descendo pelo caminho. A van passa em Urubamba. Pegamos chuva de granizo (e eu só pensando nas mochilas lá em cima); gente entrando, gente em pé, gente cheia de sacolas ou com aquelas trouxas amarradas nas costas com as crianças penduradas, um burburinho da mulherada reclamando para o motorista ir mais devagar, e que a passagem tava cara e que ele queria nos matar dirigindo daquele jeito, as senhoras mandando ele ligar o pára-brisa... rss cômico. Chegamos em Cuzco e encontramos um puta trânsito. Era dia de finados e os caminhos que levavam ao cemitérios estavam todos parados. Camelamos em busca de táxi. Pensei em ir pra outro hostal, mas o motorista não sabia onde ficava e euzinha estava sem o endereço. Acabamos voltando ao EcoPackers Hostal. Andei pelo centro, fui ao mercado municipal pois queria comprar “frajoles”, mas a coisa lá é bem feia: estandes com frutas, comidas, sucos, roupas, cachorros, legumes... parecia uma feira-livre (bem mais suja) num lugar fechado e com pouca higiene. Provei InkaCola (boa – parece uma itubaína de tuti-frutti). Percebi como os peruanos comem! Fiquei boba de ver. Os menus incluem 1º um prato de ensalada, depois um prato grande de sopa, depois refri (um suco de uva quente ou refresco de mate) e por fim o prato com a comida. Quase morri de tanto comer. Ainda fui em algumas lojinhas. A Karina cambiou e terminamos comendo uma casquinha (cone) no McDonald’s, que fica na Plaza de Armas. De noite saí pra jantar (+ sopa e + vinho) rsss. Tuuudo de bom.

UM DIA EM LIMA
Fui de táxi até o aeroporto e lá embarquei a mochila pra SP. No aeroporto de Lima cambiamos (o melhor câmbio que encontrei no Perú). Na saída do aeroporto os taxistas mostravam tabelas com preços fixos p/ Plaza de Armas (S.55). Um absurdo! Quando não queríamos, ou mudavam de ideia com relação ao preço ou outros vinham atrás cobrando menos. Conseguimos a corrida por S.35. Tito, o taxista, conversou bastante conosco, deu dicas de lugares pra conhecermos, preços, como ir de ônibus, etc. Pegamos um pequeno congestionamento em meio aquele trânsito onde se buzina para tudo e a confusão impera (mas eles se entendem). Minha 1ª impressão sobre Lima não foi das melhores. Na Plaza fomos comprar bilhetes para o Mirabus (ônibus que faz um city tour até Miraflores – bairro chique de Lima – e que passa por alguns pontos turísticos da cidade), mas o 1º a sair seria só as 15h e estávamos com o tempo contado. Acabamos desistindo. Andamos pelo centro histórico, vimos a troca da guarda e encontramos o casal de Goiânia (nos conhecemos no Valle Sagrado). Almoçamos em um restaurante pertinho da Plaza de Armas. Comemos muuuito, p/ variar. Depois, resolvemos pegar um ônibus coletivo para Miraflores (pois o próximo Mirabus demoraria pra sair). O cobrador só dizia “Arriba, arriba! Miraflores! Miraflores!”. (Andar de ônibus velho é outra aventura cômica). Finalmente, depois de 45min, chegamos.

Fomos ao Shopping Lacomar. Esta região é bem diferente do resto da cidade. Lugar chic. A visão do Oceano Pacífico é uma beleza. O shopping, cheio de lojas caras, mas ainda tinha soles p/ tomar um sorvete (a grana estava no fim). Apreciamos o visual e no final da tarde fomos em busca de um táxi, no ponto amarelo, que nos levasse ao aeroporto. Eles tabelam: um preço para o dia e outro para a noite. Tinham nos dito S.45, depois S.55. como recusamos e fomos andando para pegar um táxi comum que passasse na avenida, nos chamaram dizendo que um deles faria a corrida por S.25. Lá, tudo, tudo se negocia preço. O taxista alegou que estava indo para casa e que o aeroporto era caminho para ele. Conversamos bastante com ele. Até receita culinária ele nos ensinou. Nos deixou do lado de fora do aeroporto. Ele disse q se entrasse, teria que pagar tipo um pedágio. Gente boa! No aeroporto embarquei com um misto de vontade ficar e tristeza em saber que a viagem estava chegando ao fim.
Ainda tenho muito a conhecer sobre o Peru. Foi uma viagem de descobertas. A sensação de liberdade é única, é quando você percebe que o seu destino é você mesmo quem faz.





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